Nesta segunda-feira (18), Belo Horizonte foi palco de uma grande mobilização do setor leiteiro. Mais de 7 mil pessoas entre produtores, políticos, cooperativas e instituições participaram do movimento “Minas Grita pelo Leite”, organizado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e com o apoio de diversas entidades.
A deputada federal e presidente da Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite (FPPL), Ana Paula Leão (PP-MG) marcou presença no evento e fez uma retrospectiva sobre o trabalho realizado pela Frente. “A gente veio aqui hoje para poder gritar e exigir que o Governo nos respeite, nos valorize e, principalmente, nos ouça. Desde o ano passado, quando a FPPL foi criada, estamos buscando soluções. Nós temos que exigir que o Governo reveja e faça um plano robusto de negociação de dívidas para os produtores rurais, que faça a inserção dos nossos produtos nos programas sociais, na merenda escolar. E a pedido do deputado Domingos Sávio, a nossa Frente está entrando com um pedido para que possamos descobrir quem são as pessoas que estão ganhando em cima da gente”, disse Ana Paula em seu pronunciamento.
O manifesto “Minas Grita pelo Leite” solicita o fim das importações de leite em pó, renegociação das dívidas dos produtores de leite, financiamento mais prolongado com carência, inserção do leite nos programas sociais e fiscalização com relação ao Decreto nº 11.732/2023.
O presidente do Sistema Faemg, Antônio de Salvo, ressaltou que o objetivo é impedir que os mais de 220 mil produtores de leite mineiros desistam da atividade. “A gente precisa dar um basta no que está acontecendo. Em Minas e no Brasil, nós não suportamos mais e os produtores rurais, na sua grande maioria homens e mulheres que acordam cedo e ordenham suas vacas duas ou mais vezes por dia, estão tomando prejuízo a cada momento porque o Governo Federal insiste em valorizar produtores de outros países e não os nossos. E isso não pode acontecer”, falou.
O governador do Minas Gerais, Romeu Zema, reforçou o seu apoio ao setor leiteiro: “Por uma causa muito justa, nós estamos aqui hoje porque a situação está insustentável e a minha parte estou fazendo: nós temos laticínios em Minas que têm um regime especial de tributação que o estado oferece e, com isso, eles têm uma vantagem com relação aos ICMS. Mas a partir de hoje, aqueles que estão importando não terão mais o incentivo do estado. Sei que falta muito ainda, dependemos do Governo Federal, mas aquilo que está ao meu alcance está sendo feito e espero que nós não precisemos ir a Brasília, mas se precisar eu estarei lá com vocês”.
Já o Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, ressaltou que inúmeras reuniões foram feitas buscando uma solução. “O momento é muito mais político do que técnico. Foram mais de 30 reuniões em que nós não fomos ouvidos. Quem nós queremos proteger? O produtor rural mineiro ou o uruguaio e o argentino? O que falta nesse momento é coragem, gestão e, principalmente, vontade política de resolver essa questão que nos aflige. O Minas Grita pelo leite vai ecoar por todo o Brasil”
Jônadan Ma, presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Leite da Faemg, destacou que a situação está crítica desde julho de 2022. “Importar leite faz parte do processo como país democrático e de livre mercado. O que não é normal é termos uma importação que perdura 22 meses consecutivos. Vivemos 22 meses nessa situação dramática e isso está acabando com o nosso setor”.
Depois dos pronunciamentos, o manifesto foi assinado. “Esse é o primeiro passo. Esse manifesto vai chegar em Brasília e só iremos parar quando todos os problemas dos produtores de leite forem resolvidos. Nós vamos continuar firmes!”, encerrou Antônio. Um relógio simbólico também foi inaugurado na porta da Faemg para contabilizar o tempo necessário para que a situação seja solucionada.